A fonoaudiologia tem como maior objetivo promover a comunicação humana, seja na fala, leitura ou escrita. No caso do autismo, o trabalho desse profissional vai além, uma vez que, a maior dificuldade está nessa relação de contato com o outro. Mas com o tratamento adequado, o fonoaudiólogo ajuda a criança na promoção da sua autonomia e independência através da linguagem, de modo que faça com que ela seja entendida e se faça entender.
Graziela Antunes, gerente financeira, teve o seu filho André, hoje com oito anos, diagnosticado com autismo ainda bebê e com dois anos já começou o acompanhamento com neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo. “Foi apenas quando ele entrou na escola que percebemos que ele tinha muita dificuldade com a fala e a comunicação, o que acabou impactando em sua socialização. Por ele falar errado ele se segurava, ou as pessoas não entendiam e ele foi se fechando mais ainda”, afirma.
Como a apresentação dos sintomas varia em cada caso, na maioria das vezes, o diagnóstico é fechado em várias fases. “Ao mesmo tempo em que mostrava dificuldade em algumas áreas, ele também se destacava em outras. Ele tem muita facilidade com números e sempre foi bem em matemática”, explica a mãe, que lembra da importância de valorizar essas competências. “É fundamental ressaltar as coisas em que eles se saem bem”, diz.
A fonoaudióloga da Paraná Clínicas, Dra. Luana Roberta Miguez dos Passos, explica que no acompanhamento do autista, em um primeiro momento, deve-se ter um contato com os familiares para compreender a rotina do paciente, suas queixas e onde a fonoaudiologia pode auxiliar. Após esse primeiro contato a terapeuta cria um vínculo com a criança, para que essa relação seja a mais natural possível. Durante as sessões é realizada uma avaliação afim de entender as maiores dificuldades da criança e por meio de brincadeiras e interpretações essas necessidades são trabalhadas. Para Graziela, esse contato inicial foi fundamental para criar uma relação de confiança. “A Dra. Luana conseguiu identificar as necessidades do André e ter assertividade em seu tratamento. Ele se sentiu muito à vontade com ela e conseguiu ter um grande avanço no campo da neurolinguística. O tratamento é composto por dois momentos, tanto os exercícios quanto a interação com o profissional”, afirma a mãe.
Trabalho em equipe
Luana reforça que o trabalho conjunto com os pais é de extrema importância. “Como a terapia é somente uma vez por semana, a família tem papel fundamental nesse processo terapêutico, dando continuidade ao tratamento, na rotina, nas interações em casa e na escola. Cabe ressaltar também a importância da relação terapeuta- família- escola, pois a criança está inserida nesse meio e quando há troca de informações e uma parceria, o desenvolvimento terapêutico é maior”.
Para Graziela, o tratamento possibilitou que seu filho fosse autossuficiente. “A gente tem que buscar o melhor para os nossos filhos e diante da dificuldade não desistir. Eu sempre preservei que ele não se sentisse diferente dos outros amigos da escola. Eu não desisti até identificar o melhor tratamento para ele”, relembra a mãe. Entre as vantagens do tratamento fonoaudiólogo estão a melhora no aspecto social da criança e, o mais importante, fazê-la ser compreendida por todos que convivem com ela, seja por meio da fala, apontamentos ou comunicação alternativa. “Além de promover autonomia em situações corriqueiras do dia a dia, como pegar um ônibus por exemplo”, finaliza a especialista.
Apoio
Assim como Graziela, muitas mães passam por essa situação e nem sempre sabem onde buscar apoio e conhecimento. A jornalista Andrea Werner é mãe de Theo, de nove anos, autista. No blog “Lagarta Vira Pupa” (http://lagartavirapupa.com.br/) ela reúne informações sobre o autismo e compartilha conteúdos sobre sua experiência pessoal. “Busco contribuir para que a sociedade aceite e entenda a diversidade como algo positivo”, diz ela no blog.